26 de abril de 2013

Minha garota.

Não suporto mais a maciez desse sofá, nem olhar esses porta retratos de cabeça para baixo. Não aguento, não entendo, não acredito. MENTIRA! Eu entendo, entendo todos os motivos que levaram minha garota ir embora de "uma vez pra sempre".
Eu deixei ela de lado pra beber com meus amigos e falar sobre as bundas que passavam pela nossa mesa durante o intervalo da faculdade, eu dormi enquanto ela me esperava linda - bixo, minha garota é linda - para sair em plena noite de sábado, eu a trai com meninas fúteis que faziam bem o papel de "puta", eu deixei de fazer amor com ela com a desculpa de dor de cabeça - que ridículo. Sou um idiota.
Enquanto isso ela permanecia em nossa casa, fazendo o possível para me deixar feliz, sentindo-se culpada por uma culpa que era minha, pedindo desculpas de um erro que era meu, tentando achar solução para um problema cujo nome e CPF eram os meus.
Duas da manhã de uma quinta feira...
Eu chegava da "hora extra" e ela - como sempre - sentada no sofá me esperando pro beijo de boa noite. Engano meu, triste fim, ela não estava com aquele pijama lilás, ela estava  perfeita - nunca a vira daquele jeito - tinha nos olhos lápis pretos que a deixavam ao mesmo tempo sexy e a prova de balas, em seus pescoço um colar de perolas, em suas mãos uma caixinha em forma de coração: nossa aliança. Ela me entregou a caixinha e senti sua pele que por vezes quente me aquecera, agora gelada.
Eu não pude ouvir nem sequer os passos que dava em direção a porta com aquele sapato de salto, nem ouvi o ADEUS que acredito que ilusoriamente ela me deu. Ela simplesmente se foi, depois de 5 anos, depois de... Não! Não posso dizer que foi depois de tanto amor, pois na relação que tivemos...sei que o amor era unilateral, e sinto em ter que concordar que não era meu.
Hoje sei que nada valeu a pena, nenhum bar, nenhum amigo, nenhuma "bunda"...Tudo só havia graça, só valia a pena por que antes de dormir eu recebia dela o beijo de boa noite, e ouvia dela um "eu te amo", a minha vida só valia algo por que eu tinha certeza que sempre estaria ali a minha garota. Aquela que nunca chamei de minha, e acho que no fundo eu sabia que eu nunca fui homem para a merecer.

Por Lahis Nascimento


11 de abril de 2013

EU PRA VOCÊ


Já fui a linda, a forte, a de sorriso fácil, a extrovertida.
Já fui a "de todos", a pra tudo, a "toda hora e a todo vapor". 
Já fui a sua música, a sua MPB e o seu samba.
Já fui a feroz, a delicada, a romântica.
Já fui a implicante, a arrogante, a "mandona".
Já fui a inteligente, a esperta, a genia.
Já fui o caso, a paixão e o amor.
Já fui o silencio, o barulho e a paz.
Já fui o aconchego, e nada mais.
Já fui a estrela do seu show e tive que descobri um dia desses 
que fui posta na plateia, sem direito a camarote.

3 de abril de 2013

Laço dos Extremos.


Eu sou a de braços cruzados.
Ela é a de braços abertos.
Ela é a meiga.
Eu sou a gélida.

Ela...a programadora.
Eu...a analista.

Ela carrega consigo as inocências de uma criança.
Eu possuo a malicia e a maldade de um detetive.
Ela é doçura de Caio Fernando Abreu.
Eu?! A verdade nua de Gabito Nunes.
Ela é o baile das flores da primavera e o desafiador frio do inverno.
Eu sou o calor escaldante do verão e o vento leve do outono.
Eu sou da lista que a vê online no facebook.

Ela é a irmã da mesma idade que eu não tive.
Eu sou o cofre que guarda os segredos dela.
Ela..meu diário ambulante de casos e acasos.
Eu sou a quase loira.
Ela é a quase morena. E a gente troca as vezes.
Eu sou a sinceridade feroz.
Ela...a verdade delicada.
Eu sou a melhor amiga dela.
Ela é a amiga melhor que tenho.

[Para minha grande...Enza Rafaela]

1 de abril de 2013

O MELHOR DE DOIS MUNDOS.



Cheguei naquele velho bar de esquina, era mais ou menos oito da noite, passei mesmo pra aliviar o dia stressante que tive, nem tava muito afim de flerte mas ela me olhou por cima do livro, deixando o óculos de grau cair um pouquinho de um jeito sexy que instigaria qualquer homem desse planeta.
Mais ou menos 23 anos, mesmo que sentada chuto 1,66m de altura, magra, quase uma modelo se não fosse pelo excesso de busto que me deixariam louco a madrugada inteira, ou já estavam me deixando mesmo de longe. Ela tomava um drink de cor rosa, deve ser um desses que vendem como bebida alcoólica, mas que não chega a 0,00001 de teor.
Confesso que olhando dali ela com aquele livro sobre a vida de Jobs, aquele jeans colado e aquela taça formava o melhor de dois mundos: beleza e inteligência.
Não, JAMAIS querendo desprezar a linda e magnífica raça feminina, mas hoje em dia tá complicado encontrar uma mulher que consiga ser bonita e inteligente. Por serem e estarem sempre nos extremos a maioria acaba pesando de um lado só, então se são inteligentes estudam tanto que não se cuidam, ou se são belas se cuidam tanto que virão reféns de produtos de beleza, logo, se tornam fúteis.
Eu me aproximei, sei lá, estou cansado de “mulherzinhas”... Sentei bem, bem do lado dela e ao contrario do que imaginava ela não saiu do lugar, apenas moveu o pescoço e me disse:
_ Senhor, há mais espaço no sofá. Há necessidade de sentar quase que em meu colo?
Foi ai que a merda espalhou-se na minha cara.
O que eu estava fazendo tentando iniciar um flerte com uma garota? Eu tinha 42 anos, quase o dobro daquela jovem linda. O que eu estava fazendo?
Eu não sabia, mas resolvi insisti.
Comecei pedindo desculpa e acabei percebendo que já havia lido o livro que ela estava lendo, e então iniciei alguns comentários sobre... “Pimba!” Ela olhou pra mim, retirou os óculos e sorrindo disse:
_ Ele é realmente um ótimo escritor, não acha?
Do nada o papo fluiu dali surgiram mais livros em comum, musicas, gostos, comidas, aromas, lugares. Cheguei até a descobrir que tomávamos a mesma bebida, a diferença era apenas a cor da taça.
Não me recordo certamente a hora em que saímos dali, mas além do email dela sai com a certeza de que aquela era a MULHER que eu queria: independente o suficiente para pagar seu próprio drink e ir embora com seu próprio carro e inexplicavelmente linda para parar o transito da Dutra em “horário de pico”.
Ao certo não sei o que vai dar essa história, mas ela me disse “Até breve!” quando nos despedimos. É loucura, um “velho” dizer isso, mas acabo de me apaixonar a primeira vista...

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