Eu sabia que você iria embora, a nossa historia havia
chegado ao fim desde a primeira vez que evitou me olhar nos olhos e os seus “eu
te amo” só vinham na forma de “eu também...”. Varias vezes me peguei de
madrugada no terraço da minha casa, tinha vista pro mar e enquanto eu esperava
você chegar – sabe Deus onde você estava – a brisa fresca secava minhas
lagrimas. Sou capaz de dizer quantas vezes te pedi para não mentir pra mim,
quantas vezes te pedi pra não acabar com o nosso amor, quantas vezes cuidei de você
bêbada e te pus pra dormir em minha cama, quantas vezes velei seu sono e por
fim dormi eu no sofá. Eu sei que são números e parecem pouco, mas foram seis
anos jogados fora e até hoje lembro do dia em que deitados na grama, olhando
pro céu planejamos o nosso futuro, a nossa casa, o “nosso pra sempre” como você
ousava dizer. Pergunto-me por que foi que isso tudo aconteceu comigo, dizem que
a vida é um eterno aprendizado, e eu aprendi, mas por que de forma tão doída?
Por que através da pessoa que eu mais amei na vida, talvez a única. Eu amei
cada parte de você, seu cabelo encaracolado, sua mania de se vestir diferente
das demais, a sua pinta na bochecha, o seu sorriso de lado, as suas pernas não
tão torneadas, mas belíssimas a meu ver, o seu ciúme... Tudo, inexplicavelmente
tudo que havia no seu eu interior ou exterior. Hoje, você está casada, tem uma
filha linda – como você – mas andou se autodestruindo e apesar de tudo eu ainda
tenho vontade de te pegar no colo e cuidar de você como costumava fazer, ou melhor,
como me acostumei a fazer. Comecei a sorrir de novo um dia desses, tenho
conhecido algumas pessoas, algumas garotas – também, é claro – mas ainda não
consigo pronunciar “eu te amo” a mais ninguém, e até mesmo evito ouvir; meu
coração se fechou para todas, para o mundo, e por mais que eu negue até o fim
dos tempos, ele é, e sempre será seu. Ainda lembro, era 23 de janeiro de 2007,
você chegou de saída por uma porta e eu cai em um abismo pela outra...
Por Lahis Nascimento
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