NINGUÉM.

Ninguém viu o momento exato do meu acidente e ninguém soube o tamanho da dor que senti, como tudo aquilo parecia fazer o mundo inteiro girar ao meu redor e como foi bom quando tudo finalmente passou e eu pude olhar em todas as direções sem medo de cair.

Ninguém viu a porrada de palavras que eu levei, os roxos que ficaram nos meus braços e os aranhões das minhas costas. Ninguém viu a cratera que se abriu no meu coração e nem mesmo sabem qual foi o momento exato em que ele parou. Eu perdi minha respiração, minhas pernas ficaram bambas e meus olhos não tinham vida, apenas jorravam lagrimas quentes – acidas – que faziam doer meu rosto ao escorrer.

Ninguém viu - nem você, que sempre esteve lá -  não houve nenhum movimento, nenhuma palavra, nenhuma ação ou reação...NINGUÉM. Eu cai por muitas vezes de joelhos no chão, não tive ninguém para me levantar, me dar a mão ou um ombro amigo, eu implorei a Deus uma resposta, uma solução e então tive que me levantar sozinha, afinal eu não tinha nada , afinal antes de tudo, eu só tinha você. Sem ninguém por perto, sem ajuda eu  me ergui e tive que aprender a dar os primeiros passos sozinhas, tive que reaprender o caminho de casa, a pagar as contas, a dormir sem boa noite, a viver sem seu amor.

Tudo aconteceu rápido, tudo pareceu uma grande ilusão ou pesadelo - que seja, algo ruim. Todos sabiam, muitos queriam saber, mas ninguém esteve lá para ver as lágrimas que derramei, para me fazer companhia nas noites em que passei em claro, dessa vez eu sofri em silencio, dessa vez eu não deixei que os olhos vissem, deixei com que o coração sentisse, que o orgulho acabasse, que o amor renascesse.

[...]

Texto: Por Lahis Nascimento 
(escrito em 29 de Maio de 2012)

Foto: Desconheço